quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Minininha leitora


Minha minininha tem tão pouca idade e já é apaixonada pela leitura. Ela observa atenciosamente, amassa algumas páginas e rasga outras. Loucura? Não! Segundo a psicóloga Beatriz Ferraz, esse primeiro contato com o objeto é essencial para formar futuros leitores
O gosto pela leitura começa com o toque. Só depois de virar e revirar o livro centenas de vezes é que a criança estabelece com o objeto uma relação afetiva e, aí sim, descobre o prazer do universo literário. É o que conta a psicóloga Beatriz Ferraz, coordenadora pedagógica do Centro de Estudos e Documentação para a Ação Comunitária e da Escola de Educadores, em São Paulo. Leia trechos da entrevista que ela deu ao www.bebe.com.br.

Qual é a importância do livro para as crianças que ainda não foram alfabetizadas?
As histórias fazem parte de nossa cultura e muitas delas perduram no tempo pela tradição oral porque são contadas de geração em geração. Ler um livro ou ouvir uma fábula não tem relação somente com saber ler e escrever. Os livros introduzem as crianças em um mundo imaginário, em uma cultura. E as narrativas abrem portas para o conhecimento de diferentes mundos, tempos e espaços.

Que papel ele tem, como objeto, na vida dos pequenos?
Quando damos aos bebês livros para explorar e observar, oferecemos os primeiros contatos com o universo literário. Hoje em dia, o mercado editorial já produz obras voltadas especificamente para esse público. Elas trazem textos pequenos ou histórias com estruturas repetitivas que permitem às crianças se apropriarem do texto rapidamente, interagindo de forma mais ativa com a escuta e a leitura. Também há a preocupação com o material dos livros, que podem ser de pano, duros, de fácil manipulação. Isso possibilita que sejam explorados sem que se rasguem. Essa relação precoce com os livros é fundamental para a formação futura de bons leitores.

Quais são os benefícios que o contato com os livros na primeira infância pode proporcionar?
Ao ter a oportunidade de explorar e manuseá-los, apreciando e nomeando suas imagens, os bebês iniciam suas primeiras experiências prazerosas com os livros. Conforme têm a oportunidade de viver isso seguidamente, começam a reconhecer o livro como um objeto que carrega consigo histórias e imagens das quais eles gostam. Criar essa relação é fundamental para que, quando maiores, as crianças estejam prontas para escutar narrativas cada vez mais elaboradas e também para que, desde cedo, desenvolvam o gosto pela leitura.

Que tipo de relação um bebê pode ter com o livro? A princípio, ele cumpre a mesma função de um brinquedo?
Inicialmente, os livros são, para os bebês, algo que pode despertar o interesse: agarram, colocam na boca, passam na mão e no corpo, sentindo sua textura e seu cheiro. Apertam suas folhas, jogam longe e depois vão buscar. Essas são algumas ações exploratórias que os pequenos também realizam com os brinquedos. Mas, conforme vão se familiarizando com o livro e vendo como adultos e outras crianças lidam com o objeto, a relação muda. Eles viram as páginas, se detêm em algumas delas para observar suas imagens, apontam para elas, balbuciam e dão gritinhos, nomeiam o que vêem e imitam as ações do adulto lendo. Depois de interagir com certa freqüência com os livros, as crianças passam a cuidar deles, a acariciá-los, demonstrando seu afeto.

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